Como selecionar detectores de gases

Na hora de selecionar o detector a ser instalado, dê importância aos aspectos que realmente identificam a qualidade do produto, como:
• Estabilidade em zero – Os detectores de gás operam com grandezas elétricas de intensidades
muito pequenas; milivolt, ou mile ou micro ou nano ampére. Isso faz com que pequenas
variações de tensão, ou induções eletromagnéticas provoquem flutuações de corrente que são
enviadas ao controlador, podendo ser interpretadas como presença de gás, provocando alarmes
espúrios, com prejuízos de paradas inoportunas.
Um bom detector de gás deve prever que o sinal advindo do eletrodo da célula sensora deve ser
prioritário, reconhecendo como inapropriados o aumento de corrente que deles não provenha.
Assim mantém uma estabilidade quando inexiste, no ambiente, a presença do gás detectável.
• Tempo de resposta – T90. – É o parâmetro que identifica a velocidade com que o detector
percebe o gás e envia o sinal à central de controle. Bons detectores possuem certificado de
performance, onde o T90 aparece identificado; peça-o ao fornecedor, pois nem sempre o que
está no catálogo é o que o detector faz, e o menor tempo de resposta faz com que as pessoas
saiam antes da área contaminada e/ou que medidas de controle sejam acionadas mais rapidamente.
• Repetibilidade – Um detector é calibrado com um gás padrão. Qual a garantia de que ele
realizará a leitura corretamente, depois que é colocado em modo normal de operação? – Um bom
produto é ensaiado repetidamente, devendo apresentar desvio menor que 5%; o que significa que
em cem ensaios 95 apresentarão resultado dentro dos padrões de calibração. Isso também é
mencionado no certificado de performance.

Outros aspectos importantes, a serem considerados, depois dos já apresentados:
• Linearidade. - Se ao calibrar-se um sensor com uma mistura de gás que corresponda a 25% de
sua escala, e isso promover um aumento de corrente da ordem de 4mA, é de se esperar que a
leitura de 50% seja de 8mA, a de 75% seja de 12mA e a de 100% seja de 16mA. Porém isso não
acontece naturalmente, exigindo muito investimento em pesquisa tecnológica. Bons detectores
possuem índice variável de linearidade média menor que 5%.
• Temperatura de operação. - Pesquise os extremos de temperatura alcançadas, nos ambientes que
serão monitorados, e compare com as informações dos produtos.
• Umidade relativa. - É comum a necessidade de se detectar gases em ambiente onde a umidade
relativa é alta. Os detectores de boa qualidade a suportam acima de 90%.
• Imunidade eletromagnética. - Detectores de gás são equipamentos eletrônicos que funcionam
com baixa energia e, comumente, estão em operação em ambientes onde também trabalham
equipamentos elétricos de alta potência, como: motores, inversores, transformadores etc. Para
que o detector não apresente leitura e/ou alarme espúrio, proveniente de cargas elétricas
induzidas, preciso é que seja dotado de proteção conveniente, em conformidade com as normas
nacionais ou internacionais vigentes (EM 50270:1999 e interligadas).
• Para detecção de gases, em ambiente “off shore”, é necessário que o detector tenha invólucro
que resista a alta agressividade da salinidade, sempre presente. O aço inoxidável 316 é o material mais recomendável.
• Quando na área, onde for instalado ou usado um sistema de detecção de gases, houver o risco de
formação de atmosfera potencialmente explosiva, ou seja, uma área classificada, todo o conjunto
ou todas as partes que o comporão devem, obrigatoriamente, ostentar um CERTIFICADO DE
CONFORMIDADE, de que foi testado e aprovado para operar em ambiente com o risco de
atmosfera potencialmente explosiva, de acordo com a legislação vigente. Tal certificação é
compulsória e a comercialização de produtos sem ela constitui-se crime.
Cuidado! Às vezes as propagandas colocam em evidência aspectos acessórios dos detectores, em
detrimento dos aspectos primordiais acima descritos, que mascaram a qualidade inferior do elemento sensor, mas essas “perfumarias”, muitas vezes, acabam iludindo os responsáveis pela seleção; por exemplo: podem oferecer protocolo de comunicação especial, de “prática operacionalidade”; facilidade que é útil, apenas, a cada 3, 4 ou 6 meses, por ocasião da revisão ou calibração; nada acrescenta à eficácia de detecção. Enquanto isso a empresa sofre, com o risco das graves conseqüências de vazamento, com um detector de baixa performance. – Os acessórios devem compor o pacote de opções, quando sua aplicação contribui para a melhoria da performance do detector, quando instalado em condições ambientais adversas.
Importante! O objetivo de um projeto de detecção de gases é, efetivamente, proteger a instalação e as pessoas, dos graves riscos de um vazamento, e não dar a falsa idéia de segurança, pelas facilidades que propicia ao pessoal de manutenção. É mais prudente e seguro adaptar a empresa para receber o protocolo requerido por um detector de alta performance, do que optar por um detector inferior, simplesmente porque seu protocolo é compatível com algum já existente, ou porque dá a impressão de simplicidade na hora da manutenção.
Enfim, quem investe em empresas dos seguimentos de química, petroquímica, petróleo, siderurgia,
alumínio, alimentação etc. que apresentam o maior risco de gases, e tantos outros, o faz para receber dividendos dos bons lucros do desenvolvimento perene da atividade empresarial; não o faz para receber indenização de seguro. Portanto, se tens alguma responsabilidade para com o patrimônio dos acionistas, que não se limita às instalações de produção, mas são, principalmente, a marcas e seu futuro posicionamento de mercado, com todos promissores dividendos, não é uma decisão inteligente comprar detectores de baixa performance, pelo fato de serem mais baratos, para, simplesmente, fazer economia de alguns milhares de reais. Talvez alguma das empresas, cujos casos foram citados neste blog, tiveram essa visão tacanha e terminaram com prejuízos astronômicos; deixando um rastro de vidas perdidas e mutiladas, postos de trabalho perdidos e acionistas com prejuízos.