Como determinar cientificamente quantidade e localização de detectores.

Até poucos anos atrás, a detecção de gases era aplicada de forma empírica, baseada na experiência de operadores, para determinação dos pontos e localização de sensores.
Experiência é experiência; não se deve contestar. Porém anos de experiência não contempla a ocorrência de fato inédito, que se somará à experiência para consideração futura.
Uma equipe multidisciplinar, de análise de risco, resultará em melhor identificação dos prováveis pontos de vazamentos, onde constarão: as válvulas, flanges, pressóstatos, manômetros etc.
Em termos ideais, para garantir que os menores vazamentos sejam percebidos, deverá ser atribuído um sensor para cada ponto de vazamento identificado. Isso torna a instalação segura, mas exige um investimento descomunal. Em contra partida, algumas empresas entregam a proteção de uma instalação valiosa, inteiramente ao fornecedor do equipamento, que, por motivos comerciais, indica, sem qualquer critério, o menor número de sensores, para, simplesmente, apresentar o menor orçamento e “fechar o negócio”. Nesse caso fica a questão: “Quem será responsabilizado, em caso de vazamento não detectado, que cause sérios danos de ordem moral e material?”
Quando se pensa em instalação de iluminação do ambiente, leva-se em consideração inicial o tipo de ocupação. A seguir o número de pessoas que ali estarão trabalhando e as necessidades, em lux, já normalizadas, para execução da tarefa objeto, o pé direito, a cor das paredes, das máquinas e
equipamentos. Desse levantamento surge um projeto que indicará a quantidade de lâmpadas, a altura, distribuição e orientação, para que o ambiente esteja adequadamente iluminado com o menor consumo de energia possível, o que se consegue com o numero exato de pontos de iluminação requeridos. Como complemento do projeto dimensionam-se, também, os fios, disjuntores e outros acessórios.
Um sistema de detecção de gases é, em última análise, um circuito elétrico onde, na extremidade, vai um sensor; como no de iluminação vai a lâmpada. É uma instalação digna de merecer um projeto adequado, elaborado por profissional capacitado, que leve em consideração grandezas como: densidade relativa do gás, pressão de vapor, nível de toxidez ou limite inferior de inflamabilidade - L.I.I., ventos predominantes e não predominantes; velocidade dos ventos, obstruções que possam gerar turbilhonamento ou zonas de baixa pressão; equipamentos que interferem, substancialmente, na temperatura das massas de ar, pressão do vazo que contém o gás, probabilidade de rompimento, pressão e volume de gás que escapará etc.

Com a evolução dos computadores, que passaram a ser cada vez mais veloz e com capacidade de
armazenar muitos dados, foi possível o surgimento de programas capazes de dividir, virtualmente, um ambiente em maquete eletrônica, em elementos finitos, gerando uma malha de 300 a 500 mil pontos, e em cada pequeno bloco aplicar o cálculo de mecânica dos fluídos. Depois integra todos os resultados, determinando como o deslocamento da massa de ar transporta e dilui a nuvens de gás. – Realizando-se a superposição das hipóteses de vazamentos e respeitando os princípios de limite inflamabilidade ou toxidez e de detectabilidade, determina-se os pontos coincidentes das nuvens, que serão os locais onde serão instalados os detectores, otimizando o posicionamento de cada um, que detectará o maior número de hipóteses de vazamentos, tornando a instalação realmente segura, com o menor investimento realmente necessário.

Maquete eletrônica com simulação de vazamento em um ponto.

Os resultados do Estudo de Dispersão podem orientar quais os detectores são mais adequados para cada caso.